28 agosto 2010

O nome da barragem





Esta é uma foto da albufeira da Barragem de Belver, obtida no próprio paredão que também serve de ponte, numa tarde sem vento, fazendo da lisura das águas um espelho para a paisagem.

A data oficial da conclusão da barragem é o ano de 1952, tendo ficado com a designação de Barragem de Belver, possivelmente devido ao facto de a maior parte da albufeira criada coincidir com o limite sul desta freguesia, e também por ser esta uma das localidades mais próximas.

De há uns anos a esta parte, tem-se verificado que a Câmara de Mação, em cujo território (freguesia de Ortiga) se encontra a quase totalidade das instalações da Barragem, passou a utilizar sistematicamente a designação de "Barragem de Ortiga", no que é acompanhada por algumas instituições ligadas ao turismo na zona, nomeadamente a Região de Turismo dos Templários.

A utilização de uma designação nova e, pode-se dizer, não oficial, omitindo sistematicamente aquela que já existia e está consagrada, pode parecer estranha, e é susceptível de diversas interpretações.

A mim, parece-me que se trata de um assomo de brios bairristas, reivindicando para si um nome (ou renome) que talvez sintam ter-lhes fugido. E estarão tentando consagrar, pelo uso repetido, a designação que mais lhes convém.

E porque os brios bairristas atingem a todos (mesmo aos que, por esta razão ou por aquela conveniência, se coíbem de os manifestar), aqui fica também o meu desabafo.

Ao longo do tempo, sucessivas reorganizações administrativas fizeram com que a hierarquia relativa das diversas povoações sofresse mudanças radicais. Na última dessa reorganizações, a freguesia de Belver deixou de pertencer ao concelho de Mação, do qual fizera parte durante cerca de 60 anos. 

Em tempos mais recuados, a própria vila de Belver foi sede de concelho, entre 1518 e 1836, ficando, a partir desta data, integrada no concelho de Mação. Transitou em 1898 para o então restaurado concelho de Gavião.

O que é que isto tem a ver com aquilo? Responderão os mais puristas que, em rigor, nada.

Mas nem tudo nesta vida é rigoroso e exacto, e muito menos  quando as opiniões são divergentes...

24 agosto 2010

Água mole, em pedra dura, ...


Há já alguns anos, numa deslocação relacionada com a apicultura (deixavam-se cortiços aqui e ali, com a finalidade de recolher enxames), encontrei este local.
Hoje revisitei-o, com o objectivo de captar umas fotos, em promessa feita a um amigo.

Trata-se de um afluente da margem esquerda do Tejo, a Ribeira de Alferreireira, na transição do curso alto para o médio, ainda na zona granítica, muito antes das impressionantes escarpas xisto-quartzíticas que caracterizam o curso inferior.
O local não fica muito afastado da EN-118,  mas é preciso dar uma pequena volta para poder levar o carro até uns escassos 200m. Então há que descer a pé uma pequena ladeira e, no final,  saltar os blocos de granito, ou passar entre eles desviando a vegetação, por entre a qual é evidente a presença dos trilhos de javalis.
A ribeira "desapareceu" por entre o amontoado de blocos de granito que vão caindo para o leito escavado.
Os blocos vão-se fracturando, deixando entre si fendas profundas às quais há que prestar atenção.
Embora o granito seja uma rocha extremamente dura, não é muito resistente à erosão na presença da água.
Ao longo de milénios, o chocalhar constante dos calhaus de quartzo, extremamente duros, arrastados pelas enchentes, foi desgastando lentamente os blocos, moldando formas suaves.
Os remoinhos de água arrastando calhaus foram criando cavidades circulares que, com o tempo, se converteram em verdadeiros poços.
O acesso ao local pode ser bastante difícil, sendo necessário escorregar por uma estreita fenda inclinada.
No interior, debaixo dos blocos rochosos, reinam as sombras e o frescor proporcionado pela presença da água.
Mas ao olhar para trás, para a entrada, o clarão ofuscante não deixa esquecer que, lá fora. o sol aperta.

As águas da ribeira, agora sem corrente, estão lá em baixo, na fenda escura.
Um poço quase perfeito.
Este e o da imagem seguinte estão separados por uma parede de pequena espessura.
Este é possivelmente mais antigo e encontra-se a um nível superior. Falta-lhe já uma das paredes, entretanto desgastada. O fundo está atulhado com o resto dos calhaus que lhe talharam a forma.
Depois há que voltar a sair por ali, rastejando pela fenda inclinada.
Finalmente, um último olhar pela paisagem, antes de prosseguir para o seguinte destino do dia.






05 agosto 2010

Foto sem flash

Outra foto do mesmo motivo, desta vez sem flash. Correcções efectuadas com MSPicture Manager e Picasa.

Decoração caseira

Esta foto foi obtida em modo RAW e posteriormente sujeita a pequenos ajustes de luminosidade, contraste e cor, usando as ferramentas da Sony. Finalmente, foi redimensionada com o Picasa para o tamanho actual (1024px, clicar nela para ver). Foi usado o flash incorporado, razão pela qual os objectos aparecem sem sombras.